quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Caminhe para o leste até encontrar o povo que cuida de seus doentes com agulhas;irá notar que suas mulheres tem o tamanho de nossas meninas e os homens são pouco menores do que nos.Porém não os subestimes,manejam suas espadas com uma destreza impressionante e quando em conflito tão cruéis como todo pagão sabe ser.
Belarmino ouviu e assentiu ás palavras do velho,já ouvira falar muito sobre essa região mística e distante mas que o atraía era sem dúvida os relatos sobre curas impressionantes,podia tudo não passar de fantasias ou pura e simplesmente mentiras de marinheiros e seus congêneres terrestres que trafegavam pela rota da seda.Mas alguns falavam com tanta seriedade sobre agulhas que tiravam dores,ervas que acalmavam,infusões que alegravam,massagens que revitalizavam uma pessoa que sofresse de algum desanimo e que faziam um filho de Deus esquecer por um tempo a realidade,levando-o a um mundo de paz.
Já há uma semana deixara os últimos cavalos num vilarejo e seguia agora por recomendação de T seu guia ,em camelos logo talvez em quatro dias avistariam a terra dos indianos.
Suas costas inexplicavelmente desde que decidira empreender a viagem ,simplesmente parara de doer;isso mesmo não doía mais,algo que o incomodara por tanto tempo para ser exato por vinte longos e sofridos anos estava agora como nova.
Seriam os ares das terras por onde andara , a água ou os alimentos que considerava cada vez mais exóticos á medida que avançavam rumo ao coração da Ásia?
Estava mais inclinado a crer na misericórdia de Nosso Senhor que se compadecera desse pobre cristão ainda jovem em busca de lenitivo para suas dores.
Não agüentava mais as sangrias e purgas que os médicos de Lisboa o fizeram passar.
Quando começou a entrar em contato com os relatos sobre a medicina praticada pelos pagãos ficou em dúvida se não se tratava de histórias de truques de mágicas ,mas intimamente sentia que de fato devia haver formas mais eficientes e menos indignas de aliviar a dor e curar as pessoas
Imaginara ao iniciar a viagem ainda em Beirute que logo nos primeiros quilômetros o chacoalhar da montaria provocaria uma crise de dor que o faria retornar, porém tudo se tranqüilizava á medida que os dias se seguiam, chegou a esporear o cavalo certa vez e arriscar uma corrida pois começava a seguir junto com o alívio físico uma satisfação uma bem aventurança da alma como se junto com a dor física estivesse indo embora também os anos de desanimo e depressão que se juntavam á incapacidade de desempenhar qualquer atividade por mais simples que fosse como levantar uma cadeira,consertar uma roda de carroça não que necessitasse realizar tais tarefas tinha um bom patrimônio porém sempre fora um moço apaixonado pela atividade e o conhecimento desde de cedo se interessando por cálculo,literatura,filosofia certa feita ainda com nove anos passara um dia inteiro vendo os reparos em uma ponte em terras de seu feudo ao final do dia voltou pra casa e esboçou no papel uma planta exata da tal construção com cálculos e tudo.
Imagine alguém com esta disposição e talento sendo obrigado a se confinar em mil limitações
Era um mundo novo um portal que levava para terras ensolaradas de gente sorridente e ágil
A cidade se apresentou no inicio de uma manhã , localizava-se em um planalto frio e ensolarado permaneceu nela por duas semanas rapidamente o guia encontrou um médico que para surpresa de Belarmino não cobrou pela consulta.
Tomou se pulso verificou sua língua mandou que tirasse a roupa e por fim teve que deitar em um estrado no chão.
O indiano simplesmente estralou todos os ossos que o corpo do fidalgo continha por fim fez algo que o português pensou seriamente em não permitir mas que ao final concordou.Ele andou sobre suas costas ,logo após nosso ex doente sentiu um sono como há muitos anos não sentia e dormiu por horas a fio ao acordar o médico sentado á sua frente com as pernas cruzadas em posição que os orientais chamam de lótus com as costas totalmente retas,ao lado estava T também sentado da mesma forma o medico falava como se desse intruções.

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